Mudar o regime Servir Portugal

Manuel Beninger

sábado, 4 de maio de 2013

Hino Nacional


A ideia de adoptar uma música como símbolo de um país só surgiu no século XIX. Anteriormente era costume escolher para as cerimónias oficiais um tema composto em honra do rei. No tempo de D. João VI, por exemplo, tocava-se o Hymno Patriótico de António Marcos Portugal.
Em 1834, depois da guerra civil e do triunfo dos liberais, o rei D. Pedro IV aprovou uma lei que declarava uma obra sua - o Hymno da Carta - como hino nacional. Manteve-se em vigor até à queda da monarquia.

Hymno Patriótico
Hymno da Carta
António Marcos Portugal

Eis, oh Rei Excelso
os votos sagrados
q'os Lusos honrados
vêm livres, vêm livres fazer
vêm livres fazer

Por vós, pela Pátria
o Sangue daremos
por glória só temos
vencer ou morrer
vencer ou morrer
ou morrer
ou morrer
0  NOSSO  HINO NACIONAL TEM UMA HISTÓRIA
Quando se implantou a República mudaram os símbolos do país. O projecto da nova bandeira desencadeou grandes discussões e apareceram dezenas de propostas. Quanto ao hino não houve dúvidas. Toda a gente aprovou a escolha de A Portuguesa, que já existia e era cantada com fervor em homenagem ao povo português e à História de Portugal. Em 1890, no tempo do rei D. Carlos, os países europeus fizeram uma partilha do continente africano. Portugal pretendia obter todos os territórios entre Angola e Moçambique. A França e a Alemanha aprovaram a ideia, mas a Inglaterra opôs-se porque queria dominar o interior de África desde o Cairo (Egipto) ao Cabo (África do Sul).
Para obrigar Portugal a desistir, lançou um ultimato: ou o governo português mandava retirar imediatamente os exércitos que tinha naquela zona ou declarava guerra a Portugal. Na altura não havia possibilidade de enfrentar um país tão rico e poderoso; a única hipótese era ceder. Foi isso que o rei e os ministros fizeram.
O povo, porém, não aceitou, nem compreendeu e sentiu-se humilhado. Com que direito é que a Inglaterra fazia tais exigências, se os portugueses é que tinham sido os primeiros a navegar e a desembarcar naquelas paragens longínquas? Houve muitas manifestações de rua e muitos artigos nos jornais contra o ultimato, contra os ingleses, contra o governo e contra o rei. Houve quem pusesse a bandeira nacional a meía-haste em sinal de luto.
O compositor Alfredo Keil, indignado também, atirou-se ao piano e compôs uma espécie de marcha militar onde vibrava toda a sua raiva. Depois dirigiu-se a casa do poeta Henrique Lopes de Mendonça, que morava num quarto andar, subiu as escadas esbaforido e pediu-lhe uma letra que encaixasse naqueles acordes e desse voz à revolta que se gritava nas ruas. Trabalharam juntos alguns dias e logo que o poema ficou concluído deram-lhe o nome de A Portuguesa.
A primeira edição da música e texto foi paga pelos próprios autores. Teve uma tiragem de 1 2 000 exemplares que esgotou imediatamente! A partir de então, nas ruas, nos cafés nos clubes, nos teatros cantava-se a toda a hora: «Heróis do mar, nobre povo...». E era a música de toda a gente. Os revolucionários republicanos tinham--Ihe um apreço especial porque, além do poema lembrar a História de Portugal sem nunca falar no rei, incitava ao combate. No dia 31 de Janeiro de 1891, quando saiu à rua a primeira tentativa de revolução republicana no Porto, os revoltosos berraram A Portuguesa a plenos pulmões. Depois da revolta abafada, a música foi proibida. Mas continuou a ser cantada às escondidas. Alíredo Keil passou o Verão de 1 890 em Vales, perto de Frazoeira. Durante essas férias fez uma adaptação da música para que pudesse ser tocada por uma banda, ninguém, nem ele  sonhava que viria a ser adoptada como Hino Nacional.

A PORTUGUESA
1890 (versão original)
Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil

I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memoria,
Oh pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os Bretões marchar, marchar!

II
Desfralda a invicta bandeira,
À luz viva do teu céo!
Brade a Europa á terra inteira:
Portugal não pereceu!
Beija o teu sólo jucundo
O Oceano, a rugir de amor;
E o teu braço vencedor
Deu mundos novos ao mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela patria lutar!
Contra os Bretões marchar!

III
Saudai o sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do resurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os Bretões marchar!!

A PORTUGUESA - HINO NACIONAL
Com  alterações feitas em 1957
Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil

I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

II
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d'amor,
E o teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Ás armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

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